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Moçambola: O Comboio dos Duros II

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Pois é... já estão cravadas 5 jornadas do MOÇAMBOLA e a Black Bulls parece ter os chires novamente pontiagudos e vai numa trajetória imaculada. Arrancar com uma mão cheia de triunfos é um respaldo e tanto numa prova tão curta como é o campeonato nacional moçambicano – mas ainda faltam 17 jornadas...

 

Por: Henrique Aly – Jornalista da SuperSport

 

Em contramão vai o campeão, Ferroviário da Beira, que por fim, lá conseguiu o tão almejado primeiro triunfo e pode ter dado um abanão na crise de confiança instalada no caldeirão do Chiveve, onde o novo técnico passa pelo mesmo escrutínio impiedoso de que foram “vítimas” muitos dos que regressaram a Moçambique com passaporte português – foi assim com Hilário, Matine, Abel Xavier e não é diferente com o manhembana Daúto Faquirá, mas concedo: nem para Pep Guardiola seria abonatório apresentar uma vitória em 5 jogos!

Contraste na caminhada dos históricos Ferroviário de Maputo e Costa do Sol, os maiores campeões nacionais, com 10 títulos cada um. De repente, os canarinhos somaram a 3ª vitória na prova e começam a voar na cauda dos touros; já a locomotiva maputense continua descarrilhada e exibe 1 pontinho em 15 possíveis! É uma época desafiadora; um treinador novo, decisões arbitrárias reclamadas (com razão) pela família locomotiva que, ainda por cima, tem jogado em casa emprestada porque o “lobbie” das inspeções lá conseguiu interditar o mítico estádio da Machava por motivos semelhantes aos que noutros recintos escalados pelo MOÇAMBOLA não constituem prevaricação – os tais pesos e medidas que dependem da vontade de quem manda e não tanto do freguês.

Por falar em quem manda, a Liga Moçambicana de Futebol anunciou um prémio de 7,5 milhões de Meticais (quase 120 mil dólares americanos) para o vencedor da prova, contra os já anteriormente aplaudidos 5 milhões que foram a bandeira de campanha de Alberto Simango Júnior, o novo-velho timoneiro da instituição.

Um anúncio parcialmente ofuscado por imagens perturbadoras de atletas deitados no chão de alguns aeroportos na incerteza da hora da viagem, enquanto se aguarda impacientemente que a LAM ultrapasse a fase da puberdade empresarial e volte a atuar como uma companhia adulta, responsável e líder no mercado da aviação civil, como o foi nos tempos em que era a (nossa) orgulhosamente moçambicana.

Perguntas inocentes: Se a transportadora aérea está deficitária e os clubes não se sustentam, será que o atual modelo de campeonato serve, realmente, os interesses do futebol nacional por força da tão propalada unidade nacional? Que qualidade de espetáculo se espera que apresentem estes artistas tratados abaixo de auxiliares de palco? Que evolução nos pode proporcionar uma prova onde são sistematicamente violadas as regras básicas de tratamento do corpo e da mente de um atleta de alta competição? Será que 7,5 milhões de meticais, a receber em Dezembro, serão o remédio para as dores nas costas e na alma que os atletas já carregam desde Abril?

Haja mais coração para a bola continuar a rolar com verdade e emoção.

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