Está instalado um ambiente de crispação entre a claque oficial do Ferroviário de Maputo e a Direcção do clube presidida por Teodomiro Ângelo. A realização de jogos da equipa principal de futebol numa casa emprestada, neste caso o Campo do Costa do Sol, devido a interdição do Estádio da Machava para acolher jogos do Moçambola 2023, foi a gota que fez transbordar o copo e colocou a nu situações que os Vata Xanisseka consideram de gestão danosa do clube “locomotiva” que caminha para o seu centenário pela primeira vez na sua história vê-se impedido de utilizar o seu mítico estádio.
Por Alfredo Júnior e Sérgio Sitóe (Fotos)
Foi justamente na sua casa emprestada que os elementos da claque composta por sócios, adeptos e simpatizantes do clube exibiram uma tarja com fortes acusações sobre a gestão da actual Direcção do Ferroviário de Maputo que está em funções desde Agosto de 2019, eleita para suceder ao elenco ora presidida por Sancho Quipisso Júnior.
Na tarja são colocadas várias questões em forma de denúncia ou reclamação da gestão considerada prejudicial ao clube, tais como: “há quem beneficia a empresa de segurança que está no clube? O Ferroviário não tem a sua empresa de segurança? Porquê os membros da direção chegam a explorar as lojas do clube, enquanto a Lei os proíbe?”
Para além de colocação da tarja, os membros da claque Vata Xanisseka trocaram palavras azedas e insultuosas para com os membros da Direcção do clube “locomotiva” que presenciava o jogo com a União Desportiva do Songo, sobretudo no início e no final do jogo, tendo inclusive tentado impedir a saída da carrinha que transportava os jogadores para os seus aposentos.
Os adeptos acusam a Direcção liderada por Teodomiro Ângelo de “nepotismo”, sugerindo que “quem quiser que investigue e descobrirá que no clube há lá funcionários que são cunhados, primos, etc”.
EQUIPAS NÃO COMPETITIVAS
Os membros da claque Vata Xanisseka acusam a actual Direcção de ter tornado as equipas de futebol e basquetebol pouco competitivas, daí que questionam: “por onde andam as equipas competitivas que herdaram da Direcção de Sancho Quipisso Júnior?”
Uma das razões para a fraca competitividade das equipas “locomotiva” está relacionada com as condições que são oferecidas as mesmas, que são péssimas segundo alega este grupo de sócios e adeptos. Para sustentar esta constatação, os contestatários alegam que “a equipa principal de futebol só tem quatro bolas” e criticam o facto de a viagem Maputo – Vilanculo – Maputo ter sido feita em condições paupérrimas para os jogadores e equipa técnica.
“A equipa de futebol do Ferroviário de Maputo só tem um conjunto de equipamentos para jogo que é o mesmo que foi utilizado na época passada e em Vilanculo tiveram que treinar com esse equipamento na sexta-feira e no sábado os jogadores usaram o mesmo equipamento para os jogos”, denunciam os adeptos “locomotivas”.
No final do jogo houve um adepto que arrancou a pasta dos equipamentos que estava com o roupeiro do Ferroviário de Maputo que só recuperou a mesma após a intervenção da Força de Intervenção Rápida que esteve no local para serenar os ânimos.
Por estas e outras razões, a claque Vata Xanisseka exigida demissão da Direcção do clube, tendo nomeado os dirigentes que não querem ver na gestão do clube, nomeadamente, o Presidente Teodomiro Ângelo, o vice-presidente Osvaldo Bendzane, a Directora Executiva Ivone Buque, e ainda os dirigentes, Ramiro, Ivo Mapanga e Zandamela, todos eles acusados de má gestão.
DIRECÇÃO CONSIDERA SITUAÇÃO INSUSTENTÁVEL
Por outro lado, os contestatários da actual Direcção “locomotiva” questionam o que é feito dos fundos que são alocados pela empresa patrona do clube, os CFM – Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique que, segundo as mesmas fontes, aloca mensalmente o valor de cerca de 110 mil dólares americanos (cerca de 7 milhões e 150 mil Meticais).
“Não se justifica a actual situação precária do clube, mesmo recebendo esse valor do seu patrono, sem falar de outros fundos que vem do arrendamento das instalações do Ferroviário de Maputo, sobretudo as que estão próximas da sede da colectividade”, dizem os membros da claque Vata Xanisseka.
Um dos membros da Direcção “locomotiva” visado nas contestações e que esteve no campo do Costa do Sol no domingo, 7 de Maio, quando questionado pelo LanceMZ da veracidade destas acusações refuto-as alegando estar relacionada com a pressão que determinados indivíduos estão a fazer para voltarem a ocupar lugares de Direcção do clube.
Entretanto, o LanceMZ apurou que este assunto já mereceu discussão nas reuniões de Direcção presidida por Teodomiro Ângelo, tendo alguns elementos da mesma considerado que “a situação está insustentável, convidando os membros de Direcção a ponderarem a demissão a entrega da gestão do clube ao seu patrono”. (LANCEMZ)