A situação financeira da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) que levou o Governo a adoptar um novo plano de reestruturação da companhia aérea de bandeira nacional continua a ser um dos factores que levanta incertezas quanto ao arranque do Campeonato Nacional de Futebol – Moçambola 2025, a 17 de Maio, conforme o projectado pela Liga Moçambicana de Futebol (LMF). É que a LAM joga um papel fundamental para viabilizar o actual modelo da prova e as medidas restritivas adoptadas e anunciadas pelo Ministro dos Transportes, João Matlombe, poderão ter impacto directo no início da prova. Na quarta-feira, 9 de Abril, Matlombe foi à Assembleia da República e disse que para que a LAM seja sustentável “todos passageiros devem pagar as suas passagens”, o que nos leva a questionar: Moçambola 2025 iniciará só com bilhetes pagos a 100% à LAM?
Por Alfredo Júnior
Anualmente a Liga Moçambicana de Futebol rubrica um acordo com as Linhas Aéreas de Moçambique que garante o transporte das caravanas desportivas por todo país, sendo que o acordo prevê preços bonificados para as equipas do Moçambola e o pagamento da factura que representa cerca de 80 por cento do orçamento da prova é da responsabilidade da LMF.
Com a falta de aeronaves para satisfazer a demanda, a LAM e a LMF têm estado em contacto para chegar ao entendimento, sobre como garantir o transporte aéreo das caravanas do Moçambola (que são compostas por um máximo de 25 pessoas), sendo que fontes próximas à companhia aérea de bandeira nacional garantiram ao LanceMZ que a viabilização do plano de iniciar a prova a 17 de Maio e com taxas bonificadas só seria possível se os novos aviões em processo de aquisição por parte da LAM, à essa data, já estiverem no país e em operação.
DÚVIDAS NA CONTINUIDADE DE PREÇOS BONIFICADOS
A actual situação da LAM foi um dos temas que levaram, na quarta e quinta-feiras, 9 e 10 de Abril, o Governo moçambicano a Assembleia da República para responder à perguntas colocadas pelos deputados e as respostas dadas pelo Ministro dos Transportes, João Matlombe, adensam as dúvidas sobre a continuidade dos preços bonificados que eram aplicados ao Moçambola.
Abordando o plano de reestruturação da LAM João Matlombe referiu ser fundamental “que todos os que utilizam os serviços da nossa companhia honrem o pagamento das suas passagens”, não se sabendo até que ponto esta medida poderá afectar o Campeonato Nacional de Futebol.
De acordo com o ministro João Matlombe, “a prática recorrente de viagens sem a devida compensação financeira enfraquece a sustentabilidade da LAM e compromete os esforços de reestruturação em curso”.
Sublinhou que não se pode esperar resultados diferentes mantendo práticas do passado. “Não existem milagres: a recuperação da nossa companhia de bandeira depende do compromisso e da responsabilidade colectiva”, concluiu
DÍVIDA COM LAM É UM FARDO PESADO
O passivo da Liga Moçambicana de Futebol continua uma das principais preocupações dos gestores do Moçambola, sendo que a situação económica e financeira da LMF continua deficitária e com um passivo corrente superando largamente o activo corrente, segundo dados que são anualmente apresentadas nas Assembleias Gerais da instituição.
A 22 de Abril, aquando da Assembleia Geral, será conhecido o real ponto de situação do passivo da Liga Moçambicana de Futebol, sendo que em anos anteriores as contas da LMF têm sido apresentadas no vermelho, situação a qual a actual Direcção da Liga, Presidida por Alberto Simango Júnior, se comprometeu a trabalhar para resolver o problema bicudo.
Aquando da sua eleição, Simango Júnior herdou uma instituição com dívidas na ordem dos 83 milhões e quinhentos mil meticais, sendo que a dívida para com as Linhas Aéreas de Moçambique era um dos fardos pesados que a actual direcção está a lidar com ela.
Em 2022, das dívidas com fornecedores destacava-se as que a Liga Moçambicana de Futebol tinha para com as Linhas Aéreas de Moçambique que estava situada em 46.179.099,00 MT (quarenta e seis milhões, cento e setenta e nove mil e noventa e nove Meticais), sendo que nos próximos dias o relatório e contas do exercício de 2024 irá dar a conhecer a que nível está este passivo. (LANCEMZ)