A violência está a assumir contornos assustadores nos jogos do Moçambola 2023. É que cresce o número de casos de protestos para com a actuação das equipas de arbitragem e que resultam em insultos, arremesso de pedras, garrafas de água e outros objectos contundentes contra os homens do apito, violência gratuita que só ainda não resultou em mortes por proteção divina.
Por Alfredo Júnior
E o verniz estalou no último domingo, 28 de Maio, em Lichinga em que a equipa de arbitragem composta por António Munguambe (árbitro), Fenias Neves (1° Assistente), Sérgio lahimuaca (2° Assistente) e Amamo Fortunato (4° Árbitro) teve que sair escoltada pela Força de Intervenção Rápida (FIR), perante a fúria dos jogadores do Matchedje de Maputo que se sentiam injustiçados com a actuação do quarteto que teve influência no resultado final que foi um empate a uma bola frente ao anfitrião Ferroviário de Lichinga.
O Matchedje ganhou vantagem com um golo soberbo de Elias Macamo que acabou ofuscado pela polémica que surgiu após o árbitro António Munguambe conceder 7 minutos de compensação acrescidos a mais 5, ou seja, até que os “locomotivas” de Lichinga chegassem ao golo de empate.
A FIR acabou recorrendo ao gás lacrimogéneo para dispersar os jogadores dos “militares” e foi com irritação nos olhos, na pele, nas vias respiratórias e lacrimação que os jogadores, treinadores, dirigentes e adeptos saíram do Municipal de Lichinga, numa acção que em nada abonou para a boa imagem que se pretende do Campeonato Nacional de Futebol.
ÁRBITROS AGREDIDOS EM QUELIMANE E INSULTADOS NA BEIRA
A sétima jornada do Moçambola foi fértil em casos de contestação às arbitragens, pois em Quelimane o 2° assistente Fernando Cumbane foi agredido alegadamente por indivíduos afectos ao Ferroviário de Quelimane, como protesto a actuação do árbitro Filimão Correia, no jogo em que os “locomotivas” de Nampula venceram por uma bola a zero.
Na Beira, o túnel do Caldeirão do Chiveve esteve a fervilhar ao intervalo do jogo em que o Ferroviário da Beira disputou com a Black Bulls, com elementos ligados à equipa da casa a insultarem a equipa de arbitragem formada por Fernando Francisco (árbitro), Venestacio Cossa (1°Assistente), Marcos Marrengula (2° Assistente) e Guilherme Malagueta (4° Árbitro), alegadamente por estarem a prejudicar a equipa da casa.
COSTA DO SOL O PRIMEIRO A CONTESTAR ARBITRAGENS
Desde o arranque do Moçambola 2023 que as arbitragens do Moçambola têm sido alvo de fortes críticas por parte dos clubes. No final das primeiras duas jornadas o Costa do Sol convocou uma conferência de imprensa para exigir a intervenção da Procuradoria Geral da República, por considerar que as más arbitragens atentam ao bom nome do futebol moçambicano, bem como afugentam potenciais patrocinadores para o Moçambola. Curiosamente, Filimão Correia foi um dos alvos das contestações do Costa do Sol, após os factos verificados no jogo em que os “canarinhos” perderam para a Black Bulls na segunda jornada do Moçambola.
“O Clube de Desportos da Costa do Sol solicita às entidades que superintendem o futebol nacional, nomeadamente a Federação Moçambicana de Futebol, a Liga Moçambicana de Futebol, bem como a CNAF e, ainda, o Governo, através da Secretaria de Estado de Desporto, para que considerem de grave actos que atentam para a verdade desportiva e sancionem quem os pratique, sob pena de as actuações tendenciosas da arbitragem e as reacções negativas dos seus agentes, Imprensa e dos adeptos, prejudicam gravemente a credibilização da Indústria do futebol, com impacto na cadeia de valores e economia nacional”, apelou Jeremias da Costa, o vice-presidente do Costa do Sol. (LANCEMZ)