O número de jogadores e treinadores a exercerem a sua actividade ilegalmente no Moçambola tem estado a acrescer a cada dia. Depois do caso do treinador Jean Losciuto do Ferroviário de Maputo, este fim-de-semana veio à tona o caso do treinador dos “locomotivas” de Nampula, Nelson Santos que esteve ausente no jogo que a sua equipa disputou no domingo. Este facto leva a crer que se se fizer uma investigação à fundo poderão ser descobertos mais “ilegais” a actuarem no Moçambola.
Por Alfredo Júnior
Vários são os motivos apresentados pelos clubes para que não consigam a apresentar em devido tempo a documentação relativa à obtenção do visto de trabalho, sendo que os mesmos também se queixam do excesso de burocracia que é exigido pelo SENAMI - Serviço Nacional de Migração que tem apertado o cerco não só no desporto.
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Os casos dos ilegais no Moçambola ganharam força após a situação que levou a deportação do treinador de atletismo Alberto Lário após denúncia efectuada pelo Presidente da Federação Moçambicana de Atletismo, Kamal Badru, usando as redes sociais.
Na semana finda, o SENAMI prometeu investigar todos casos que lhe chegassem à mesa, tendo notificado o Ferroviário de Maputo para esclarecer a situação de obtenção do visto e permanência em território nacional do treinador Jean Losciuto.
Este domingo Jean Louciuto esteve sentado no banco de suplentes e orientou o seu Ferroviário de Maputo na vitória diante do seu homónimo de Nampula, não tendo sido esclarecido se a situação do visto de trabalho do treinador belga já estava resolvida.
Apenas se sabia que o pedido de visto de trabalho para Losciuto estava encravado no Consulado de Moçambique em Mbambane, na vizinha Eswatine, apesar de o treinador se encontrar no país desde o início da época, isto é, muito antes do início do Moçambola 2022.
A situação da existência de treinadores e jogadores ilegais no Moçambola tem gerado várias interpretações no que concerne ao que diz o regulamento de inscrição e de competição, para o caso de uso destes elementos de forma indevida.
O Comunicado número 1 da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) que versa sobre a matéria, refere no seu ponto 46 que “O registo de jogador e treinador estrangeiros depende obrigatoriamente da verificação da regularidade da sua situação legal em Moçambique, atestada mediante a entrega na respectiva Associação e/ou FMF, de uma cópia certificada dos documentos de identificação e dos documentos legalmente exigidos com vista à entrada e permanência em território nacional”.
Ora, não tendo alguns clubes observado todos estes pressupostos, alguns juristas ligados ao desporto defendem que essa situação abre campo para que os prevaricadores possam ser sancionados ao nível desportivo, o que equivale dizer que há espaço para a perda de pontos por parte dessas mesmas colectividades. Este será um tema que continuará a agitar o debate futebolístico nacional dos próximos dias. (LANCEMZ)