Chama-se Said Mujovo, nasceu no Hospital da Matola e cresceu no bairro Tsalala, no Município da Matola. Tem 15 anos e com cerca de dois metros, com um crescimento assinalável. Está a dar os primeiros passos no basquetebol, modalidade com a qual sempre sonhou em praticar. Devido a sua estatura física, os amigos e colegas de equipa o apelidam de Wemby da Matola, alcunha que aceita com naturalidade e que faz avivar o sonho de um dia jogar na NBA – a Liga Norte Americana de Basquetebol.
Por Alfredo Júnior
Foi pelo olho clínico de Ivan Chemba, professor de educação física e treinador de basquetebol que Said Mujovo foi descoberto nas ruas da Matola, concretamente quando ele comprava legumes numa das bancas do bairro da Liberdade.
“Descobri a ele quando estava a comprar alface. Impressionado com a altura dele, aproximei-me para conversar, procurar saber como é que ele vivia, com quem vive, o que é que ele faz. E, no segundo ponto, achei que ele pudesse aprender e ser o potencial”, conta Chemba algo que foi testemunhado por Said Mujovo: " Comecei por causa do coach Ivan. Ele me encontrou na Liberdade, estava com minha sobrinha, estava a comprar tomate e alface e depois ele me encontrou, me perguntou se eu treinava basquetebol, eu disse não. Logo ele me perguntou se eu não queria. Eu disse sim”.
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Com o seu aspecto longilíneo, ou seja, com a sua altura até certo ponto desproporcional à sua idade, Said Mujovo chama atenção há quem o vê percorrendo os corredores da Escola Secundária da Liberdade.
AVÓ HÁ MUITO QUE AGUARDAVA PELO INGRESSO NO BASQUETEBOL
E não foi tarefa difícil convencê-lo a entrar para o basquetebol, pois a sua avó há muito que aguardava por este momento. Lídia Malate que desde a tenra idade de Said assumiu a guarda do rapaz conta como tudo aconteceu: “um belo dia encontrou-se com um professor da escola. Veio com ele aqui em casa, me disse que era o professor de Educação Física e que viu a altura do menino e eu disse bem-vindo. Porque há tanto tempo que também procurava por esta oportunidade, por causa da altura dele. E quando começou a praticar basquetebol, ele começou logo a gostar”.
Ivan Chemba conta que depois de ter a autorização da avó, tratou de criar o mínimo de condições para que Said iniciasse o bê-a-bá no basquetebol. Os primeiros passos são promissores, porém há ainda muito trabalho por fazer.
“Ainda é muito cedo para fazer uma avaliação da sua evolução, mas com o tempo e o trabalho ele vai melhorando. E a cada treino que vai fazendo, vai superando as expectativas e esperamos nós que a posterior possa saber jogar basquetebol”, disse Chemba.
Para Said Mujovo o facto de ter passado a estudar numa escola perto de casa e com a possibilidade de um acompanhamento mais próximo do seu treinador, contribuiu para a sua rápida integração no seio da modalidade.
“O coach Ivan me perguntou, onde que estudas? Eu disse, estudo na Machava. Depois ele disse que era para tratar da transferência para estudar na Escola Secundária da Liberdade, porque seria mais fácil para participar nos treinos e nas aulas de Educação Física”, conta Said “Wemby” Mujovo.
ALCUNHA ASSENTOU QUE NEM UMA LUVA
E o amor pelo basquetebol foi à primeira vista para o jovem atleta: “treinei por um pouco de tempo, depois gostei de treinar e continuo a treinar”, conta Said.
Logo nos seus primeiros dias de bola ao cesto, Said ganhou a alcunha do Wemby da Matola, atribuída pelos seus colegas de escola e do basquetebol.
“Me chamam como meus colegas, de Wembanyama, porque sou alto como ele também. Gosto de assistir os jogos dele, gosto dos bloqueios que ele faz, e como ele encesta”, conta Said e a avó explica qual foi a reacção no seio familiar após a atribuição desta alcunha: “quando veio me dizer, eu também fiquei admirada, porque ele veio e disse, na escola me chamam de Wemby e questionei: Wemby de onde? O que é isso aí? Ele disse, vovô, é meu nome que me atribuíram no basquetebol e quando vocês chegaram lá e me chamaram de Said, não vão te indicar. . .Eu sou Wemby”.
Já lá vão cerca de três meses em que Said se apaixonou pelo basquetebol, modalidade que procura aprimorar as suas habilidades, ao mesmo tempo que luta por superar o desafio da dieta alimentar.
“Quando ele nasceu, já era muito magro, mas o médico disse que o Said não sofria de qualquer doença, eu só podia lhe ajudar com papas feitas com cascas de ovo para fortificar os ossos. Mas nunca teve problema de doença”, explica Lídia Malate.
“A principal dificuldade neste exacto momento do miúdo tem a ver com a própria dieta alimentar em casa. Acabamos percebendo nós que ele tem problemas com relação às frutas, não gosta de comer frutas e não gosta de cereais”, explica preocupado Ivan Chemba.
JOGAR NA NBA É O SONHO DE SAID
Para o Wemby da Matola, o céu é o limite, ou seja, jogar ao mais alto nível na NBA é um sonho para o rapaz de mais de dois metros.
“Gostaria de treinar, treinar mesmo bem e depois um dia talvez eu possa ir para os Estados Unidos treinar no Chicago Bulls”, conta Said.
Aí está a pequena história de Said Suzette no jogo, rapaz de mais de 2 metros e com 15 anos de idade, que está a dar os primeiros passos no basquetebol e cuja aparência assemelha-se à Vítor Wembanyama, apelidado do Wemby da Matola. (LANCEMZ)