A renovação ou não do contrato de Chiquinho Conde como Seleccionador Nacional de Futebol está na ordem do dia no debate sobre o desporto moçambicano. Continuar a debater os APELOS públicos (leia-se pressão) para a renovação de Chiquinho Conde tornou-se um exercício de inutilidade pública.
OPINIÃO DE HENRIQUE ALY
Está claro que a continuidade do treinador passa incontornavelmente por um acerto individual do relacionamento entre Chiquinho e Feizal Sidat, cuja relação hierárquica está totalmente chamuscada pelas *intervenções públicas de ambos* numa autêntica lavagem de roupa suja em tanque comunitário.
Não adianta vocês insultarem-se aqui ou noutros fóruns, nem "orientarem" o sentido de opinião dos pró-Feizal e dos pró-Chiquinho.
As declarações públicas de um e as declarações tornadas públicas de outro mostram, claramente, que não existe um vínculo de respeito e confiança entre ambos e tão pouco se reconhecem nas suas respetivas competências.
Feizal gostaria de ter outro selecionador e Chiquinho gostaria de ter outro presidente!
É o ponto de rotura claro e indisfarçável; a menos que seja por imposição hierárquica (que pesou na indicação de Chiquinho para os Mambas e talvez esta aí a origem do problema), NINGUÉM para além dos próprios pode costurar essa fissura - é necessário que ambos façam um esforço, na verdade um sacrifício, SE vislumbrarem que há um bem maior que os ultrapassa e cujo processo de crescimento, do qual fazem parte, pode passar (ou não) por uma reconciliação genuína entre ambos. Se não houver essa sintonia de pensamento e de perpetiva, o caldo está irremediavelmente entornado...
Hoje é fácil os defensores de Feizal costurarem uma teia de erros cometidos por Chiquinho, como os apaniguados deste denunciam uma campanha mediatizada contra o treinador. Ou seja, este casamento é baseado numa filosofia de troca de cascas de banana e aqui Feizal leva vantagem porque tem do seu lado quem com inteligência e recursos adequados explora e expõe ao máximo as escorregadelas de Chiquinho. Aliás, quando se rebusca um suposto, ou comprovado, percurso de irreverência e desrespeito de Chiquinho para com algumas das suas ex-entidades patronais, está-se justamente a engoradar a narrativa segundo a qual Chiquinho é um insubordinado nato e não surpreende que, alegadamente, o esteja a demonstrar novamente...
Concluindo: INEXISTEM atualmente condições objetivas para que Feizal e Chiquinho continuem a respirar o mesmo ar e percebe-se a olho nú que há uma certa corrente de validação dos argumentos de Feizal Sidat, que até são parcialmente legítimos, ao mesmo tempo que o "voto popular" se inclina para a defesa de um filho tido como pródigo pelos poucos mas impactantes resultados desportivos que os Mambas têm alcançado sob a sua batuta. Mas povo algum vai obrigar um presidente legítimo em cumprimento de um mandato vigente a renovar com um selecionador. NÃO se distraiam; no nosso país as coisas funcionam de forma diferente.
Como se resolve esta maka?
Com Feizal e Chiquinho sentados, como senhores que são, concordando em discordar civilizadamente ou virando as costas para sempre!
Desculpem-me qualquer coisa. Tentei ser o mais justo possível e se não o tiver conseguido, paciência, é capaz de ter sido por influência...