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Novo contrato entre Conde e FMF terá cláusulas anti ataques

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As negociações para a renovação do contrato entre a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) e o treinador Chiquinho, vão ganhar novo ímpeto a partir desta semana, depois de a Direcção Presidida por Feizal Sidat ter acenado de forma positivo e demonstrado interesse em continuar com o técnico no cargo de Seleccionador Nacional, ou seja, como timoneiro dos Mambas. A renovação de Conde é quase uma certeza, pois apenas faltam acertar alguns detalhes do novo contrato que deverá ser rubricado no final do mês de Julho, quando expirar o que está em curso.

 

Por Alfredo Júnior

 

Depois de um mês de Junho em que as duas partes fizeram explodir o “barril de pólvora” que minava as relações de trabalho, a paz entre Feizal Sidat e Chiquinho conde está próxima de ser alcançadas, muito por força da exigência dos adeptos dos Mambas que veem no treinador como a pessoa certa para continuar a levar a equipa de todos nós a trilhar os caminhos do sucesso no futebol africano.

 

A pressão popular levou com que a FMF relevasse as diferenças que a separam da relação com Chiquinho Conde e que foram colocadas a nu na conferência de imprensa recente de Feizal Sidat em que as conversações ficaram geladas e com possibilidade de não serem reatadas. Porém, a reunião de Direcção da FMF fez derreter o gelo e abriu espaço para a renovação, através da manifestação de interesse nesse sentido e que foi dado a conhecer através de um comunicado que em dois parágrafos diz o seguinte:

 

“A Direcção Executiva da Federação Moçambicana de Futebol (FMF), reunida esta quinta-feira, dia 27 de Junho de 2024, em sessão ordinária, orientada pelo respectivo Presidente, Feizal Sidat, para analisar vários assuntos de funcionamento da instituição, deliberou manifestar o interesse na manutenção da relação contratual do senhor Francisco Queriol Conde Júnior como Seleccionador Nacional.

 

Para o efeito, foi constituído um grupo de trabalho que vai conduzir todo o processo jurídico/administrativo visando a busca de consensos para a renovação do vínculo contratual entre as partes. Esse trabalho deverá iniciar nos próximos dias.” 

 

CLÁUSULAS ANTI-ATAQUES EM CIMA DA MESA

 

Com efeito, a partir desta semana as negociações voltam a ganhar novo ritmo, prevendo-se que as duas partes voltem a sentar à mesa para definir como será regido o próximo contrato entre Chiquinho Conde e a Federação Moçambicana de Futebol.

 

Aliás, será a continuidade do trabalho iniciado a 12 de Junho quando o Secretário de Estado do Desporto, Gilberto Mendes, manteve um encontro com o representante legal do treinador, o Advogado Abdul Gani, logo após Chiquinho Conde ter revelado que ainda não tinha sido abordado pela FMF para a renovação do contrato, declarações feitas em Casablanca, depois de Moçambique derrotar a Guiné Conacri por uma bola a zero.

 

Quando comparado com o contrato ora em vigor, a nova ligação entre Conde e a FMF terá cláusulas que regulem melhor a relação entre ambas partes, sobretudo no que diz respeito à preservação da imagem tanto do treinador, assim como da Federação. É que Feizal Sidat e seus pares não querem que se repitam os ataques constantes à estrutura directiva, sobretudo nos momentos em que o treinador não concorde com as decisões de fórum administrativo que forem tomadas, como aconteceu quando a FMF não providenciou os jogos das Datas-FIFA por razões financeiras, ou mesmo da falta de gelo, o controle do balneário para que não se repitam as greves no seio dos Mambas, entre outros aspectos, tal como aconteceu recentemente. Chiquinho Conde certamente apresentará as suas condições de modo a proteger a sua imagem que foi colocada em causa pela estrutura directiva da FMF.

 

Recorde-se que Chiquinho Conde foi acusado pelo Presidente da FMF de violar o contrato de trabalho, ao fazer acusações contra a sua “entidade patronal” em público e nas redes sociais, e reivindicar apenas para si e para os jogadores o mérito das vitórias dos Mambas, deixando de fora “todo o trabalho coletivo”.

 

Feizal Sidat disse que Chiquinho Conde lhe faltou ao respeito, na presença dos jogadores da seleção, ao exigir gelo no balneário, após o jogo em que Moçambique garantiu o acesso à fase final do Campeonato das Nações Africanas (CHAN), disputado apenas por jogadores que atuam no continente.

 

O dirigente deu ainda conta que o selecionador humilhou igualmente o também ex-jogador dos Mambas, atualmente vice-presidente da FMF para as seleções, ao proibi-lo de entrar no autocarro e no balneário da equipa. São situações que a estrutura da FMF não quer ver repetidas e por isso pretende deixá-las ficar claras no contrato a assinar.

 

CONTRATO POR OBJECTIVOS E FASQUIA ELEVADA

 

O novo contrato entre Conde e a FMF voltará a ter objectivos claros, tal como os anteriores, só que desta feita com a fasquia a ser ligeiramente elevada. A FMF deverá colocar no mesmo objectivos acima dos até aqui atingidos, como a qualificação para a fase seguinte do apuramento ao Campeonato do Mundo de 2026 ou então a conquista da Taça COSAFA pela equipa sénior de Moçambique, tendo em conta que os Mambas já atingiram a final da prova.

 

A qualificação para o CAN-Campeonato Africano das Nações de 2025 a ser disputado no Marrocos, bem como o apuramento ao CHAN – CAN Interno, são outros objectivos naturais que estarão plasmados no contrato, visto que sob batuta de Chiquinho Conde os Mambas voltaram a constar da fina flor do futebol africano e ao participar nas provas que aconteceram na Argélia em 2023 e na Costa do Marfim neste 2024. A FMF quer que os Mambas voltem a marcar presença nestas competições.

 

DURAÇÃO DO CONTRATO E SALÁRIOS

 

As regalias, de Chiquinho Conde enquanto treinador dos Mambas, deverão ser mantidas à luz do contrato que estará em negociação a partir desta semana. Para além da residência na zona nobre da cidade de Maputo e direito a uma viatura, Conde vai ver o seu salário ser mantido.

 

Feizal Sidat revelou que a FMF paga um salário equivalente a 120 salários mínimos ao Seleccionador Nacional de Futebol, o equivalente a cerca de 800 mil Meticais, valor este que deverá ser mantido, quiçá com a melhoria de algumas outras condições ao nível da premiação em função dos objectivos estabelecidos.

 

Vale recordar que desde a época em que Mart Nooij era Seleccionador Nacional de Futebol que os salários eram assegurados através da HCB - Hidroeléctrica de Cahora Bassa que mantém o seu acordo de patrocínio com a Federação Moçambicana de Futebol.

 

A duração do contrato de Conde será outro tema a discutir, sendo que numa primeira fase estará em cima da mesa uma ligação que terá a duração de um ano, com possibilidade de renovação. Porém, aventa-se a hipótese de o contrato ter a duração de dois anos, tendo em conta o período de disputa de algumas competições que estão no topo dos objectivos fixados para este novo relacionamento.

 

Sabe-se por exemplo que a fase de qualificação para o CAN-2025 deverá ocorrer até provavelmente Agosto de 2025, visto eu a fase final terá lugar entre os meses de Dezembro de 2025 e Janeiro de 2026, não se conhecendo ainda as datas de realização da fase de qualificação para o próximo CHAN.

 

CONDE DEVERÁ EXIGIR MELHORIA DE CONDIÇÕES

 

Nas negociações que estarão em curso obviamente que o treinador moçambicano, Chiquinho Conde, deverá exigir que algumas condições de trabalho sejam melhoradas particularmente no que diz respeito a disponibilização de meios para a observação dos atletas que provavelmente possam merecer a escolha para integrar as suas convocatórias.

 

Conde sempre se queixou de não poder observar jogos do Moçambola por todo país, bem como a possibilidade de acompanhar as partidas dos jogadores que evoluem no estrangeiro de modo a aferir em que condições os mesmos se encontram para merecer a escola por parte da equipa técnica dos Mambas.

 

Uma das preocupações frequentes colocadas por Conde está relacionada com a composição da sua equipa de trabalho, particularmente na inclusão de um técnico de elevada competência em matérias de scouting e análise de jogo.

 

Refira-se que no anterior contrato Chiquinho Conde pretendia trabalhar com o treinador português Tiago Matos, mestre do treino formado por uma das instituições mais reconhecidas que é a Universidade Motricidade Humana de Portugal, porém facto que acabou por não se concretizar.

 

DOSSIER A ENCERRAR EM FINAIS DE JULHO

 

Entretanto, o LanceMZ apurou que o dossier da renovação do contrato de Chiquinho Conde deverá ficar encerrado em finais do corrente mês de Julho, visto que a ligação em vigor cessa mesmo a 31 deste mês.

 

Por outro lado, as negociações deverão encerrar com a presença do treinador em Maputo e o seu regresso a capital do país apenas está previsto para finais do corrente mês, tendo em conta a dispensa solicitada por Chiquinho Conde para que se mantenham por estes dias na Europa onde deverá acompanhar de perto o nascimento do seu neto, visto que a sus filha necessita do seu apoio neste preciso momento.

 

Recorde-se que logo após o jogo que Moçambique disputou frente a Guiné Conacri, Chiquinho Conde viajou a Lisboa para atender as questões familiares acima mencionadas, facto que foi devidamente autorizado pela Federação Moçambicana de Futebol. (LANCEMZ) 

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