Lau King vai regressar a Moçambique para reatar a sua ligação à União Desportiva do Songo, depois de ter chegado à acordo com o Sagrada Esperança de Angola para a rescisão amigável do contrato que o ligava ao clube da Lunda Norte desde Fevereiro deste ano.
Por Henrique Aly, SuperSport
O atacante moçambicano, de 28 anos de idade, deixou a equipa da vila do Songo em Dezembro de 2022, para ingressar na equipa angolana Sagrada Esperança.
O presidente do clube da Lunda norte, que milita no GIRABOLA, campeonato angolano de futebol, confirmou a negociação com o jogador para a rescisão amigável do contrato, agora consumada. Segundo José Muacabalo, o internacional moçambicano alegou algum desconforto causado por contínuas dificuldades de integração no plantel e reclamou, igualmente, salários em atraso, ponto este que foi prontamente rebatido pelo dirigente do clube, alegando que foi apenas nos dois primeiros meses que se registou uma demora no desembolso da remuneração acordada com o atleta.
AS RAZÕES DE LAU KING
A 21 de Dezembro corrente, Pacholo Lau Ha King submeteu uma carta ao presidente do Grupo Desportivo Sagrada Esperança com um PEDIDO DE CESSAÇÃO DO CONTRATO POR MÚTUO CONSENTIMENTO. A falta de regularização da sua situação migratória, atrasos salariais, entre outros aspectos, foram os factos arrolados pelo futebolista, que sentia o seu estado de espírito afetado, o que, segundo ele, colocava em causa o seu rendimento desportivo. Face à relutância inicial da direção em aceitar o pedido de rescisão, King submeteu, igualmente, um ACORDO DE CESSAÇĀO DO CONTRATO DESPORTIVO, por via do qual reclama unicamente o pagamento dos salários relativos aos meses de Novembro e Dezembro, desobrigando o clube de qualquer outra compensação financeira ou material ao jogador.
Fonte próxima do atleta confidenciou-nos que Lau King chegou ao ponto de rotura devido a situações que se arrastam sem solução à vista desde que chegou ao clube em Fevereiro deste ano, logo após o CHAN.
O Sagrada Esperança foi incapaz de prividenciar um visto de trabalho ao atleta que, em algumas situações, foi obrigado a refugiar-se para evitar ser interpelado pelas autoridades migratórias angolanas, dada a sua condição de trabalhador ilegal no país. As viagens de Lau King para fora de Angola foram sempre feitas com base em esquemas de aliciamento de funcionários da migração, o que causava total desconforto no atleta que se sentia um autêntico fora-da-lei, apenas protegido pelas ligações privilegiadas de elementos da direção do clube às autoridades angolanas.
A mesma fonte referiu-se também à dificuldade que o clube apresentou ao longo de cerca de 10 meses para abrir uma conta bancária em nome do atleta. O salário de Lau, fixado em dólares americanos, chegava às mãos do atleta em Kwanzas angolanos, por via de terceiros, depois de ter passado por uma conversão cambial, baseada em tabelas não oficiais, que depreciavam gravemente o valor inicial, em claro prejuízo do atleta que, no final, ganhava muito menos do que estava estipulado contratualmente.
Foram várias situações anómalas, típicas de uma organização pouco profissionalizada, que levaram o avançados dos Mambas a solicitar a rescisão do contrato, abrindo-se assim caminho para o seu regresso a Moçambique onde o espera um contrato com a União Desportiva do Songo, clube que representou por 5 épocas antes de se aventurar pelo futebol angolano.
Na época 2023/24, Lau King contabiliza 8 jogos pelo Sagrada Esperança, entre o GIRABOLA e as Afrotaças, com o saldo de 1 golo marcado na fase preliminar da Taça CAF e uma assistência efetuada na fase de grupos da mesma prova. (LANCEMZ)
