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Chiquinho Conde: não podemos estar indiferentes aos momentos difíceis vividos no país

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Chiquinho Conde, selecionador de Moçambique, concedeu uma grande entrevista a A BOLA. Conde lamenta a convulsão social que se vive em Moçambique após as eleições presidenciais. E faz um apelo a uma solução que evite que se percam mais vidas humanas.

 

Por Jorge Pessoa e Silva, Jornal A Bola

 

 

- Moçambique tem vivido momentos de grande tensão, protestos nas ruas, imagens que correm mundo… De que forma esta agitação social, que provocou mortes, tem afetado a selecção…

 

- Tenho de começar por destacar que é graças ao apoio incondicional do povo moçambicano que temos vindo a crescer e a chegar a patamares de excelência como seleção. A única vez que o povo se dividiu foi no jogo com o Mali, de apuramento para o CAN, devido ao momento político que o país atravessa, já que uma grande parte da população queria que boicotássemos o jogo. A atmosfera não era a ideal para jogarmos, mas tivemos de jogar, até sob pena de sermos duramente penalizados pela CAF.

 

- E como olha para esta convulsão social naquele que é o seu país?

 

- Temos vivido momentos muito difíceis, muito difíceis… Não podemos estar indiferentes, somos parte integrante do povo, temos família… Sabemos da legitimidade da luta, independentemente das cores partidárias… Nós, como pessoas do futebol, tudo temos feito para minimizar o sofrimento do povo conseguindo resultados positivos, dando-lhes as vitórias dos Mambas, dando-llhes motivos para se sentirem orgulhosos. O futebol agrega, apazigua até situações de conflito. É um momento triste, porque perdemos vidas humanas. Pessoas que exerceram o direito de se manifestarem. Espero, sinceramente, que quem de direito consiga encontrar rapidamente uma solução que seja equilibrada. O povo moçambicano é humilde e pacífico, merece o melhor.

 

GENY CATAMO É FANTÁSTICO

 

- Que avaliação faz da saída de Rúben Amorim do Sporting e o trabalho de João Pereira?

 

- Não é uma tarefa fácil para o João Pereira. O Rúben tem um enorme carisma e fez um grande trabalho. E o Sporting é um clube muito exigente. Notam-se algumas alterações, nuances numa equipa que estava automatizada. Hoje já não se vêm os mesmos automatismo. Nos posicionamentos, na pressão, deixou de haver a sincronia que existia... É urgente que João Pereira entenda o que tem, unir o grupo e tirar cada um deles o melhor. Mas convém igualmente dizer que os jogadores também têm de ajudar...

 

- Surpreendeu-e o sucesso de Geny Catamo no Sporting?

 

- Nada. Conheci o Geny Catamo em menino, no Maxaquene, e ele já era conhecido como o Messi, um pé esquerdo que fazia a diferença. Teve a sorte de se inserir num clube formador como é o Sporting e beneficiou da coragem do Rúben Amorim a apostar nele. Foi difícil para ele adaptar-se à posição em que Rúben Amorim o colocou, mas com humildade, crença e desejo de aprender, vingou e tem brilhado. É um menino fantástico. Está a fazer um progresso muito bom.

 

- Na seleção joga numa posição diferente…

 

- Sim, como extremo. E ele também pode jogar no meio, tem características para isso. Dou-lhe liberdade em campo para ele se divertir e, com isso, tirar o melhor dele. Ele tem sido extraordinário. No Sporting e nos Mambas.

 

 

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