O Seleccionador Nacional de Futebol, Chiquinho Conde, concedeu uma entrevista ao canal desportivo da Rádio Moçambique, na qual abordou o seu futuro na condução dos Mambas afirmando que já apresentou uma contraposta para a sua continuidade, falou da presença do combinado nacional na próxima Taça COSAFA e abordou a polémica sobre a não convocatória de Zainadine Júnior e Lau King para a jornada frente ao Ruanda, recorrendo a um ditado português que dá conta que “amarra-se o burro à vontade do dono”, sublinhando que está naquela posição para tomar decisões.
Por Alfredo Júnior
Com o propósito de fazer o balanço do seu consulado iniciado em Outubro de 2021, Chiquinho Conde que verá o seu contrato terminado a 31 de Julho, considerou que a avaliação é positiva, até porque o seu “contrato é por objectivos que passavam basicamente por qualificar os Mambas ao CHAN que já foi cumprido o outro é levar a selecção nacional ao CAN e estamos a trabalhar para cumprir”, tendo em conta que Moçambique está a um ponto de conseguir o apuramento para a prova que vai ter lugar na Costa do Marfim, daí que refere que “contra o Benin em Maputo, se não der para ganhar também não deve dá para perder”.
Conde foi convidado a explicar-se sobre a não chamada de Zainadine Júnior e Lau King para o último compromisso dos Mambas para a qualificação ao CAN-2023, tendo começado por referir que são questões às quais não queria se alongar, porém recordou que “Zainadine foi meu jogador no Desportivo de Maputo em 2008, tenho um carinho muito especial por ele inclusive teve e o cuidado de me ligar para me dar as condolências quando aconteceu a situação minha familiar e também incentivou para que eu continuasse, digo sempre a todos eles que tenho um admiração muito grande, mas também digo para não se esquecerem que eu sou o treinador e quem dita quem toma as decisões relacionadas com a parte técnica e táctica sou eu. Há um velho ditado alentejano que diz assim: amarra-se o burro à vontade do dono. Isto para dizer que enquanto estiver na selecção as regras vão ser estabelecidas por mim, o jogador tem espaço para opinar dentro das balizas, mas com limites. Eu decido em conformidade, o individual nunca pode sobrepor ao colectivo”.
Em relação ao avançado Lau King, do Sagrada Esperança de Angola, Chiquinho Conde disse não compreender a polémica em torno da sua não chamada para a selecção A, talvez “seja por conta da simpatia ou da media do jogador, porque no passado ele nunca foi convocado para o grupo CAN. Quando estive na União Desportiva do Songo em 2017/2018 fui que sugeriu a contratação do Lau King ao Desportivo de Nacala e mais recentemente o ele foi ao Sagrada e o Director Desportivo do clube que foi meu colega perguntou-me se valeria a pena contratá-lo e dei a minha opinião. Não quero que os jogadores pensem única e exclusivamente neles e respeitei os seus colegas. Por outro lado, normalmente convoco dois jogadores por cada sector e na posição do Lau convoco o Ratifo e mais um que pode ser Melque ou Isac”.
NATURALIZAÇÕES SEM SCOUTING
Conde foi questionado sobre a naturalização de jogadores que actuam na Europa, tendo deixado transparecer que é um processo conduzido pela Federação Moçambicana de Futebol (FMF) sem a divida opinião da equipa técnica, por exemplo “o Gion Chande gostaria de tê-lo observado antes do jogo com o Senegal. Falo sempre do ‘scouting’, não adianta apenas ver os highlights que só mostram as partes positivas do jogador, não tenho nada contra as naturalizações, mas é importante nós termos o conhecimento desses jogadores.”
“Há factores determinantes para ver se o jogador vai encaixar no grupo, primeiro a qualidade que não conhecemos porque não fomos observar porque não temos uma equipa de scouting, segundo pela idade e terceiro pela posição onde jogam. Falando particularmente de Guima, dizer que o conheço, está motivado e inclusive tem o pai aqui em Moçambique, joga na posição 10 ou 8 no Chaves e tenho que fazer o balanço em que poderá jogar. Os jogadores que vem de fora tem que fazer diferente, então é preciso ter muito cuidado. O facto de jogarem fora não significa que são melhores que os que jogam aqui dentro, mas experiência que tem no campeonato é mais valia, o Guima pode emprestar a nós um outro tipo de jogo, resta saber se está motivado para jogar de início ou jogar no banco”, disse Chiquinho Conde.
TAÇA COSAFA E CONTINUIDADE NOS MAMBAS
O Seleccionador Nacional confirmou que estará ausente durante a presença dos Mambas na Taça COSAFA devido “ao casamento da minha filha em Estocolmo, na Suécia, que coincide com as datas do torneio que foram alteradas e é algo que já estava acordado. A equipa estará entregue ao colega Victor Matine “que terá a liberdade de tomar algumas decisões porque ele é que estará à frente, vou trabalhar dois dias com a equipa para reavivar alguns conceitos e ferramentas para recuperar as nossas ideias, para uma prova onde a nossa grande responsabilidade é fazer melhor que o ano passado”.
Conde abordou a sua continuidade na condução dos destinos dos Mambas tendo referido que “a minha missão patriótica termina no dia 31 de Julho foi isso que a FMF me propôs, a direcção da federação já me contactou e já tivemos a primeira reunião e eles informaram-me aquilo que são as ideias e com o meu advogado arquitectamos aquelas que são as nossas ideias e estamos à espera da resposta”. (LANCEMZ)