Após ser eliminada nos oitavos-de-final do torneio de boxe dos Jogos Olímpicos Paris 2024, a pugilista moçambicana Alcinda dos Santos pediu desculpas aos seus compatriotas por não ter conseguido seguir em frente e foi muito cáustica para com a organização, a quem acusou de favorecer os atletas de países de raça branca em detrimento dos africanos que mesmo ganhando em pleno ring acabam prejudicados pelo júri.
Por Alfredo Júnior em Paris
Visivelmente ainda emocionada após o combate em que a chinesa Liu Yang ganhou por expressivos 5-0, depois de uma decisão unânime do júri, Alcinda que recentemente respondia pelo apelido Panguana reconheceu que o seu “desempenho não foi dos melhores, porque conhecendo o meu potencial, eu não dei o melhor de mim, porque primeiro entrei com ressentimentos, porque eu já conhecia a adversária. E acho que também o que contribuiu foi por ver a triste realidade que está aqui. O atleta se esforça por anos e anos, chega aqui quando está diante de um país que era conhecido, neste caso, um país dos brancos, acaba perdendo a pontos, coisas que todos aqui estão a ver que o negro ganhou, o Tiago ganhou, mas por causa da cor ou por ser um país que ainda não é muito conhecido, como dizem, acabamos perdendo. Eu acho que temos que rodar mais para sermos conhecidos, esse é o meu apelo”.
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O pugilista diz que não foi o facto de ter mudado de categoria, dos 71 para os 66, ou seja por ter baixado de peso que acabou eliminada nestes Jogos Olímpicos de Paris 2024, não igualando a performance de 2021 nos Jogos Olímpicos de Tóquio em que chegou aos quartos-de-final e foi eliminada pela chinesa Hong Gu.
“A questão do peso, eu acredito que não teve influência, porque do mesmo jeito que eu estava a fazer peso, ela também estava a fazer peso para baixar, porque ela teve que baixar também de peso e categoria e não fizemos tanto esforços assim, porque estivemos todas a trabalhar. Como vocês viram, estivemos a trocar técnicas, só que os golpes dela chegavam antes dos meus. Ela tem braços longos, então, é o que influenciou. E eu acho que temos que trabalhar mais”, disse Alcinda dos Santos.
Alcinda agradeceu o apoio dos seus compatriotas que ao longo dos últimos quatro anos demonstraram um carinho especial por si e pelos seus colegas.
“Os moçambicanos sempre estão consigo. Então, independente do resultado, eu acredito que os moçambicanos estão lá para apoiar. E sempre apoiam e eles sabem também o quão difícil era chegar aqui. É uma honra para nós termos qualificado e estar aqui em Paris. E termos feito o que fizemos diante de todo mundo. Então, mais que isso, eu acho que não tenho mais nada a dizer. A não ser pedir sinceras desculpas porque não pude chegar ao pódio. Era a expectativa de todos. Mas não deu, porque não era para ser isso. Eu acho que temos que trabalhar mais para chegar lá. Muito obrigada a todos que apoiaram. Continuem a apoiar o Sabino, o menino mais novo do grupo. Ele faz atletismo e ele precisa de todos. Vamos todos apoiar o Sabino. Muito obrigada”, disse Alcinda dos Santos a terminar. (LANCEMZ)