No final da partida em que Moçambique ganhou a Guiné Conacri e passou a somar 9 pontos na corrida ao Mundial 2026, pelo Grupo G, o Seleccionador Nacional de Futebol, Chiquinho Conde, fez a análise do jogo e da sua continuidade e deixou ficar a preocupação em relação à sua continuidade na condução dos destinos dos Mambas, visto que o seu contrato termina a 31 de Julho do corrente ano.
Por Alfredo Júnior, em Casablanca
Analisando a vitória por uma bola a zero, Conde enalteceu o desempenho dos seus jogadores, tendo considerado que eles superaram todas as barreiras que encontraram pela frente para chegar a tão importante resultado.
“Quero, acima de tudo, agradecer o esforço, a dedicação, a humildade, a coragem, a bravura dos meus jogadores, dos nossos jogadores, dos nossos bravíssimos jogadores. Pedi-lhes, inicialmente, para superar todas essas adversidades que nós temos, que não tem acontecido, porque somos uma equipa forte, uma equipa unida, e que acredita no seu trabalho. Muita gente está, ainda descrente perante toda a panóplia de resultados positivos que nós temos alcançado e o olhar, neste momento, para os meus jogadores a cantar e a festejar é fantástico”, disse Conde acrescentando que “quem sai do hotel a fazer 100 quilómetros, sem batedor, em um trânsito de infernal numa cidade agitada, chegar atrasado para o aquecimento, puxar por eles para estarem focados naquilo que era o objectivo e saberem, porque eles sabiam, que este poderá ser o meu último jogo à frente da Seleção Nacional e foi estupendo, foi estupendo.”
Conde deu conta que “os meus jogadores encararam a mensagem que assenta em querer chegar lá, fazer querer ou querer ser, ultrapassar o medo ou ter coragem, desculpa ou glória, sonho ou tornar esse sonho em realidade. Eu acho que eles perceberam perfeitamente e só pedi-lhes para conquistar algo grandioso onde as pessoas menos esperam. Eu acho que nem o mais optimista dos adeptos, acreditaria que nós, nessa altura, perante todas essas adversidades, poderíamos chegar neste momento, estar com a mesma pontuação que a Argélia à frente da tabela classificativa”.
ESTIVEMOS TÁCTICAMENTE BEM
Mais adiante, Conde olhou para aquilo que foi a prestação dos seus jogadores, face aquilo que foi a disposição táctica apresentada para esta partida frente à Guiné Conacri, tendo sido bem sucedido nas apostas que fez para este encontro.
“É impressionante a maneira como eles interpretaram o jogo, nós optamos por jogar com 4-3-3, invertemos o triângulo, colocamos o Nené, que é um jogador extraordinário, que faz um trabalho de recuperação de bola como ninguém, que está a crescer na sua compreensão tática e muitas das vezes, quando fosse necessário, juntava no meio dos centrais para fazer uma linha de 5 e depois assaltava numa fase inicial, porque nós tínhamos um problema num jogo passado da nossa ligação. A ligação que fizemos com Guimarães, com Alfonso, resultou em pleno jogo com um falso 9, que foi o Clésio, era mesmo esse o propósito, para fazer um pouco de arrastamento, de modo a que os extremos solicitassem no espaço. Eu acho que estiveram taticamente muito bem. O Pepo estreou-se bem. Eu acho que todos os jogadores que não jogaram hoje fizeram força positiva. Estamos, de facto, todos de parabéns”, analisou Conde.
O Seleccionador Nacional agradeceu a todos que estiveram envolvidos nesta etapa da dupla jornada de qualificação ao Mundial de Futebol de 2026.
“Jogamos pela nação. Obrigado a todos aqueles que nos ajudaram com a sua força positiva conquistar este resultado. Esta vitória é dedicada também ao Mexer, por todos os problemas que ele teve durante a semana e que muita gente, por vezes, não percebeu.
Estão de parabéns os meus jogadores, estão de parabéns todo o povo moçambicano, porque esta vitória vai inteiramente para vocês”, referiu o treinador.
CONDE SEM QUALQUER PROPOSTA PARA CONTINUAR
Mais adiante, Conde voltou a analisar o seu contrato com a Federação Moçambicana de Futebol que chega ao fim a 31 de Julho, não tendo até aqui recebido qualquer proposta para a sua continuidade, pese embora os bons resultados que tem alcançado à frente dos Mambas.
“É assim, eu quando iniciei esta missão, uma missão patriótica, os meus jogadores que estão aqui, tudo fizeram para que eu estivesse à frente desta seleção nacional. E a primeira premissa, ou por outra, havia uma cláusula no meu contrato. Por objetivo, eu tinha que qualificar Moçambique para o CHAN e qualificar Moçambique para o CAN. E nós conseguimos. Há nove anos que Moçambique não ia para um CHAN, conseguimos estar presentes num CHAN. Nunca na história de Moçambique conseguimos chegar aos oitavos de final e chegamos no CHAN.Há 13 anos que Moçambique não conseguia qualificação para o CAN e conseguimos. Fizemos a melhor prestação até agora no CAN. E, entretanto, a estrutura entendeu renovar o contrato comigo”, comentou o treinador.
“Primeiro queriam renovar por três meses e depois por sete meses e acabaram por renovar por um ano. Eu disse-lhes na altura que estava a renovar por um ano e corria o risco de querer renovar comigo mais tempo. Porque é um trabalho de selecção nacional, eu acho que deve ser a médio ou longo prazo. E o mais importante para mim é cumprir aquilo que é a minha missão. A minha missão patriótica”, referiu.
SER SELECCIONADOR É CADEIRA DE SONHO DE CONDE
Conde não escondeu o seu desejo de querer continuar na condução dos destinos dos Mambas, até porque sempre sonhou em ocupar a cadeira mais importante do futebol moçambicano.
“Esta é a minha cadeira de sonho. Muito bem. Mas, de qualquer forma, eu estou aqui a prazo. E se até agora a Federação Moçambicana de Futebol não mostrou abertura, isto é público, não mostrou abertura para a minha renovação, obviamente eu disse aos meus jogadores que, de facto, este poderia ser o meu último jogo. Porque até a data do término do meu contrato não teremos mais nenhum jogo. E por tudo aquilo que se tem passado pelas declarações da própria estrutura em relação ao meu contrato, ninguém manifestou ainda a vontade de querer em renovar”, comentou o treinador para depois acrescentar que “estou aqui. A cadeira continua a ser de sonho. Estou orgulhoso por tudo aquilo que eu tenho feito. Orgulhoso do grupo que nós criamos, não fui eu só. Orgulhoso pela caminhada que nós temos feito. E, por isso, olha, vamos aguardar e ver, de facto, o que é que poderá acontecer até lá. Mas estou tranquilo porque eu estou aqui mais um para agregar valor”.
Conde afirmou que desde a sua chegada ao cargo de treinador dos Mambas tem sido resiliente, procurando adaptar-se às condições que lhe são colocadas na mesa para conseguir chegar a bons resultados.
“E resiliência eu sempre digo, e estou a ser repetitivo, a resiliência para mim é nos adaptarmos ao mundo e não o mundo adaptar-se a nós. Eu quis e transmiti isso, quer a minha equipa técnica, quer os meus jogadores, que nós temos que se fazer sempre melhor, sempre melhor, em todos os contextos que nos oferecem. Agora, eu trabalho e todos nós trabalhamos em prol de um país.Continuo a dizer que seleção não é do Chiquinho Conde. Não pode haver questões pessoais, não podem sobrepor aquilo que é o interesse de um país, o interesse de uma nação. Eu sou mais um elemento, repito, eu sou mais um elemento que luto todos os dias, acredito no meu trabalho, transmito essa confiança aos meus jogadores e é fantástico ver a reciprocidade que eu tenho recebido, esse feedback daquilo que é a minha mensagem para o grupo de trabalho. Por isso eu só tenho de estar grato. Agora, tudo aquilo que eu não domino, eu tenho que ficar à espera da estrutura para que, de facto, as coisas possam ficar esclarecidas. Eu estou aqui, de corpo e alma, para poderem conversar comigo, sob o ponto de vista contratual e dar o melhor de mim, ajudando, porém, a catapultar Moçambique para outros patamares”, referiu Chiquinho Conde. (LANCEMZ)