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Análise de Carlos Aik: terceira edição da Liga Sasol apresenta mais do mesmo

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Decorre a terceira edição da Liga Moçambicana de Basquetebol Feminino, patrocinada pela SASOL. Volvidas 3 primeiras jornadas (fase de grupo), um primeiro balanço pode ser feito. A conclusão desse balanço é “MAIS DO MESMO”. Mesmas equipas, mesmos candidatos, mesmas atletas, mesmos treinadores, enfim mesmo tudo.

 

Análise De Carlos Aik, Treinador De Basquetebol

 

É verdade que de um ano para outro, não se pode considerar tempo suficiente para darmos um “pulo” enorme na modalidade, mas é tempo suficiente para verificarmos sinais de avanço ou seja, evidências do que está no caminho de crescimento/desenvolvimento da modalidade.

Apesar da réplica que parece que a equipa da Lázio pode dar em virtude dos reforços que trouxe, tudo indica que os dois Clubes finalistas serão o Ferroviário de Maputo e o Costa do Sol também de Maputo. Aliás, o basquetebol feminino apenas existe, efectivamente na capital do país.

Quando se deseja participar nas competições a nível continental, parece muito pouco o que se está a fazer internamente.

Ainda sonho com o dia em que um Clube Moçambicano seja campeão africano, sem recorrer a reforços estrangeiros, à semelhança dos que fez o Maxaquene e a Académica (embora tivesse uma estrangeira, era sua atleta, não tendo sido contratada para uma competição específica). Na última edição, mesmo com os reforços e o conforto de jogar em casa, as duas equipas moçambicanas quedaram-se em terceiro e segundo lugar, quando tudo apontava que ambas seriam finalistas.

As atletas mais velhas/experientes são as “estrelas da companhia”. De longe mostram que a sua substituição ainda está distante. Tudo indica que o basquetebol vai continuar a precisar delas para consumo interno e externo. Infelizmente, com poucas atletas a quem possam transmitir a sua experiência, teremos de as convencer a manterem-se em actividade. Estas atletas, bem auxiliadas por uma segunda leva de atletas com médias de idade que variam entre 23 e 26 anos, mas com a maior parte delas com duas particularidades, nomeadamente i) jogam nas posições de fora, (1, 2 e 3), e ii) tiveram passagem pelos Estados Unidos onde se aperfeiçoaram (infelizmente não todas);

É preocupante o facto de não termos atletas (no verdadeiro sentido da palavra) para as posições 4 e 5, ou seja, Ana Flávia, Deolinda Gimo, Ilda (apenas para falar das mais recentes) etc continuam sem substitutas. Felizmente, Tamara e Leia, quando disponíveis, continuarão a dar o seu contributo.

Os Clubes investidores são sempre os mesmos.

Consequências de tudo anteriormente dito: pouco desenvolvimento da modalidade, desmotivação das atletas, dos treinadores, dirigentes, árbitros etc.

A propósito da arbitragem parece ter melhorado comparativamente à edição anterior.

Quem se sacrifica em acordar cedo aos domingos para assistir aos jogos de iniciação, nota que existem potencial (altura e peso) nas camadas inferiores. Alguma coisa deve estar a acontecer para que estas atletas não cheguem a séniores. É preciso um trabalho sério para reter estes talentos.

Uma nota aqui: nos jogos das camadas de formação, dificilmente vejo os treinadores séniores que, em muitos casos, são secretários técnico dos Clubes (ou responsáveis por todas a modalidade) e deveriam fazer o acompanhamento da evolução dos atletas.

Alguns dados estatísticos das primeiras 3 jornadas mostram-nos:

Costa do Sol (candidato) - média de 75 pontos marcados por jogo e com uma média de 33 pontos sofridos por jogo. Exactamente isso. Os oponentes do Grupo do Costa do Sol têm 33 pontos por jogo em média.

Ferroviário de Maputo (candidato) - média de 76 pontos marcados por jogo e com uma média de 43 pontos sofridos por jogo. Exactamente isso. Os oponentes do grupo do Ferroviário têm 43 pontos por jogo em média.

Visto de outra forma: Os oponentes dos candidatos, apenas convertem, em média por jogo, 33 e 43 pontos.

A Pergunta lógica é porquê umas equipas com 33 de média e as outras com 43? Simplesmente porque as equipas com 43 pontos de média, são todas equipas de Maputo. As equipas das outras províncias, são as de 33 pontos: (assimetria ao acaso?).

Assim vai o nosso basquetebol que tem ambições mundiais e olímpicas.

Carlos Aik

 

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